Oleksandr Zinchenko viveu uma montanha-russa em sua vida e carreira antes de chegar ao Manchester City 1g304x
Nesta terça-feira, o Manchester City visita o Peterborough United, às 16h15 (de Brasília), pelas oitavas-de-final da FA Cup, a Copa da Inglaterra. A partida terá transmissão ao vivo pela ESPN no Star+.
Para a partida, o técnico dos Citizens, Josep Guardiola, deve apostar no ucraniano Oleksandr Zinchenko, um de seus xodós no elenco celeste.
Na rodada da Premier League do último final de semana, o lateral-esquerdo de 25 anos se emocionou muito com o apoio recebido dos torcedores de Everton e City antes do confronto em Goodison Park (veja no vídeo acima). E não é para menos, já que sua vida foi muito afetada pelos vários confrontos militares na Ucrânia nos últimos anos.
Descoberto ainda garoto pelo Shakhtar Donetsk, Zinchenko ingressou na base do clube ucraniano quando tinha ainda 14 anos.
Com o ar do tempo, ele se tornou o grande destaque das canteras do Shakhtar, chegando inclusive a fazer um gol em cima do Manchester City em um torneio amistoso na Inglaterra, em 2013. O canhoto vitou capitão da equipe e vinha sendo preparado para a promoção em breve ao profissional do clube laranja e preto.
Só que isso nunca aconteceu...
Em março de 2014, explodiu o confronto separatista na região de Donbass, no leste da Ucrânia, onde fica a cidade de Donetsk. Com medo da violência, os pais de Zinchenko tomaram uma decisão drástica e fugiram para a Rússia, levando junto o filho. Pouco depois, o próprio Shakhtar deslocaria sua sede para a capital Kiev.
Em Moscou, o lateral-esquerdo ou seis meses jogando no futebol amador, e depois foi treinar na base do Rubin Kazan.
O jogador deixou excelente impressão, mas o Rubin decidiu não contratá-lo, já que ele ainda tinha vínculo com o Shakhtar. A equipe russa poderia ser punida pela Fifa por conta disso, levando um transfer ban, e optou por não com o garoto e nem tentar forçar a rescisão com o time ucraniano, já que isso poderia caracterizar assédio.
Em 2015, todavia, Zinchenko resolveu tentar a sorte e assinou com o Ufa, também da Rússia, tendo sua primeira chance no futebol profissional.
O Shakhtar respondeu acionando a Fifa, que deu razão parcial ao time ucraniano e condenou o ala a pagar uma multa de 8 mil euros para seguir jogando pelo Ufa, o que foi feito à época.
O clube de Donetsk, porém, não aceitou a decisão da Fifa, acionando em seguida a CAS (Corte Arbitral do Esporte) e pedindo uma punição mais pesada: quatro meses de suspensão do futebol.
A CAS, porém, aceitou os argumentos de Zinchenko e seus advogados, que o classificaram como um "refugiado do esporte", e mantiveram apenas a multa da Fifa, que foi paga pelo Ufa.
Nos campos, Zinchenko foi regularizado depois do imbróglio e fez sua estreia pelo Ufa na temporada 2014/15, mas brilhou mesmo no ano seguinte, disputando 26 partidas e marcando dois gols.
Seu desenvolvimento chamou a atenção do City, que acompanhava o lateral desde que ele havia feito aquele gol no torneio amistoso de 2013.
Em 4 de julho de 2016, o time de Manchester anunciou a contratação do jovem por 1,7 milhão de libras, vencendo disputa nos bastidores com o Borussia Dortmund.
Para ganhar mais rodagem, Zinchenko foi imediatamente emprestado ao PSV Eindhoven, da Holanda, defendendo o clube na temporada 2016/17.
No ano seguinte, ele retornou ao Manchester City e imediatamente se tornou um dos "xodós" do técnico Pep Guardiola, que ou a usá-lo em várias posições, como lateral-esquerdo, meia-esquerda e até atacante.
Em cinco temporadas na equipe inglesa, o ucraniano soma 115 jogos e dois gols, além de nove assistências.
Em seu armário de taças, constam três Premier Leagues, uma FA Cup, quatro Copas da Liga e um Community Shield, além do prêmio de melhor jogador da Ucrânia em 2019.
"Para falar a verdade, quando paro para pensar na minha vida, sinto que parece um roteiro de filme", brincou o atleta, em entrevista recente ao jornal The Independent.